A
Igreja Paroquial de Santo António de Capelins, parece ter sido construída no século XVI,
sendo propriedade da Coroa até ao século XIX (1500-1834). Foi construída no sistema normal da
tipologia rústica do meio ambiente, a Igreja não se destaca por qualquer motivo
arquitetónico das suas congéneres da região, feita de alvenaria tocada de
escaiolas, olhando na linha do ocidente e ligada ao casario pitoresco do
priorado e sacristão, além do atual cemitério público fechado por murete
afrentado de campanário de alterosa espadana.
Do
primitivo edifício, em traça do século XVI, apenas subsiste o presbitério cupular, algumas empenas laterais de cornijas
polilobadas, em grossa alvenaria rebocada, e o portal granítico, adintelado, de
verga losângica e cruz relevada.
A
fachada, de frontão arredondado sofreu uma profunda modificação na centúria
oitocentista que alterou as proporções da nave e lhe fez perder o alpendre; Tem
campanário vulgar, com acrotérios pinaculares, no eixo, e sino de bronze
fundido, antigo.
Quatro
pequenos cruzeiros simbólicos a envolvem, a distâncias regulares e destinados a
marcar o itinerário das procissões promovidas pelas seis irmandades que ainda
subsistiam em 1758: Santo António, Senhora do Rosário, Senhora das Neves, Almas
Santas, S. Bento e Senhor Jesus.
O
interior, de planta retangular, compõe-se de nave muito alongada, hoje de
abóboda redonda mas que era de tabuado; Capela-Mor e batistério, este
singelíssimo, rasgado na face da Epístola e conservando, apenas, a pia
marmórea, circular e lisa; Púlpito no corpo sobranceiro, com caixa de madeira,
quadrangular, sem interesse artístico.
Nos
alçados laterais e junto da abside abrem-se dois altares em nichos parietais de
sóbrias molduras entalhadas com grinaldas revestidas de ouro. Estão consagrados a NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
(Evangelho) e às ALMAS. Mantêm, incluindo a abside, as imagens assinaladas no
arrolamento das MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758, feito pelo Padre Manuel Madeira. A
Padroeira do primeiro altar é de roca e vestimentas bordadas com riqueza;
Lateralmente veem-se S. JOSÉ e NOSSA SENHORA DE BELÉM, ambos de madeira, mas
vulgares.
A
sobranceira, além do CRUCIFICADO, tem as esculturas de S. MIGUEL, estofada, mas
da arte popular, e uma belíssima VIRGEM, de um CALVÁRIO, seiscentista, de lenho
dourado e no local recolhida de qualquer templete profanado. Mede de altura 95
cm.
A
capela-Mor, antecedida por arco pleno de alvenaria, é de forma cúbica fechada
pela habitual cúpula de meia laranja repousando em trompas lisas. Esteve, total
ou parcialmente até à década de 1940, recoberta por composições murais de
ornatos e figuras sacras, aparentemente de setecentos, que se vislumbram nos
alçados. O retábulo, de talha dourada e policromada, do estilo rococó, é obra
tardia do 2º terço do século XVIII; Na edícula adosselada do centro, expõe-se
SANTO ANTÓNIO, peça de madeira pintada, do século XVII (altura 65 cm), e nas
mísulas colaterais S. GREGÓRIO PAPA e S. BENTO (este deslocado do altar das
ALMAS) ambos de lenho estofado e aparentemente de produção seiscentista,
popular.
Na
banqueta existiram e encontram-se recolhidas na sacristia, as imagens antigas
de S. FRANCISCO DE ASSIS (muito maltratado) e S. BARTOLOMEU, medindo, este, de
altura 1,00 m. Nesta dependência, além de vários ex-votos pintados sobre
madeira, tela e chapa cúprica, subsiste, na parede, o lavatório de mármore
branco, esculpido com a insígnia da tiara de S. GREGÓRIO PAPA, obra popular de
alvores de setecentos.
Dimensões
interiores da Igreja de Santo António de Capelins:
Nave – Comprimento 15,90 X 5,10 metros.
Ábside:
fundo 3,75 x largura 4,10 metros.
BIBL.
– Memórias Paroquiais de 1758, vol. IV, pp. 157-61. Arquivo Nacional da Torre do
Tombo
(Inventário
Artístico de Portugal – Distrito de Évora – por Túlio Espanca IX Lisboa 1978)
Correia Manuel
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