sexta-feira, 8 de novembro de 2024

O Concelho da Vila de Ferreira, atual Freguesia de Capelins

O Concelho da Vila de Ferreira, atual Freguesia de Capelins 

Registo Paroquial de óbito em Santo António 1635

"Aos 17 dias do mês de Maio da era de 1635, anos, faleceu da vida presente Britis Mendes mulher do Alcaide de Ferreira, com todos os Sacramentos e fez testamento.

Padre Luís de Campos" 

Assim, concluímos que o Concelho Senhorial Comunitário da Vila de Ferreira, atual Freguesia de Capelins, já existia no ano de 1635, porque conforme podemos verificar, Britis Mendes era mulher do Alcaide, o mesmo que presidente da Câmara, e se existia a Câmara, existia Concelho.

Este Concelho era Senhorial Comunitário, visto a Vila ser um Senhorio, mas neste caso, não se verifica a presença do donatário estando a sua administração entregue a uma Assembleia, tinha Alcaide, 2 Vereadores, Procurador, Juiz, Escrivão e lavradores,  que tinha por finalidade o governo da terra e zelar pelo bem estar da comunidade, (semelhante a uma comissão de moradores), porque o Concelho Régio entre 1262 e 1836 foi sempre a Vila de Terena. 

No Registo de óbito em causa, o padre Luís de Campos não escreveu o nome do Alcaide, marido de Britis Mendes, mas é dispensável. 

Com base em vários documentos oficiais, pensamos que, este Concelho Senhorial surgiu na centúria de 1400, pela Família Freire de Andrade, donatários da Vila de Ferreira entre 1422 e 1674, logo, ainda antes de ser criada a Freguesia de Santo António, parece-nos que, esta foi criada cerca de 1550 e, era constituída pela Vila de Ferreira, pelas terras de Nabais, Sina e por Faleiros. 

O Concelho de Ferreira, como o de Terena, pertenciam à Comarca de Elvas e foram ambos extintos pelo Decreto de 06 de Novembro de 1836. 

É tudo, por agora.

Texto: Correia Manuel 






Memórias das raparigas da pasta de dentes em Capelins

 Memórias das raparigas da pasta de dentes em Capelins

Na segunda metade do decénio de 1960, num dia solarengo do mês de Abril, quando um grupo de rapazes brincavam junto às escadinhas do Pinheiro, em Capelins de Baixo, parou ali uma carrinha, na qual vinham quatro raparigas muito bonitas, obrigando os rapazes a abandonar a brincadeira e a ficarem, descaradamente com os olhos postos nelas a observar os seus movimentos, fazendo suposições sobre quem seriam, e todos apostaram que eram artistas de cinema e vinham fazer um filme a Capelins e sendo assim, talvez a rapaziada entrassem no filme.
As raparigas estiveram falando dentro da carrinha alguns minutos, depois deram uns retoques na maquilhagem, nos lábios e nos olhos e por fim saíram, lentamente, com uns pacotes na mão, vestindo arrojadas mini saias que, eram a grande moda dessa época, até nas Aldeias já usavam, não causando esse facto, nenhuma admiração.
As raparigas seguiram pela rua principal de Capelins de Baixo e, entraram na primeira taberna dessa rua, deixando a rapaziada boquiaberta, porque as mulheres não entravam nas tabernas e partiram a correr para ver no que aquilo dava, meteram o nariz e viram que umas falavam com o taberneiro e outras com os clientes, deram-lhe umas atraentes bisnagas e foram saindo.
Os rapazes ficaram a pensar que seriam guloseimas, ou algum creme para barrar no pão, e como já se estavam a lamber disseram-lhe em coro: - Então não dão nada à gente? As raparigas fingiram não ouvir e seguiram, batendo porta a porta, mas os rapazes insistiram e uma mais simpática respondeu que sim, que davam, mas era às mães, porque andavam a publicitar uma pasta de dentes nova e eram obrigadas a explicar, quando e como tinham de lavar os dentes.
Os rapazes não gostaram do que a rapariga lhe disse e responderam que sabiam lavar os dentes e que as mães não estavam em casa, por isso, estava-se mesmo a ver que não lhe calhava nada e lamentavam-se, sobre a sua má sorte.
As raparigas ignoraram as lamentações e continuaram a bater porta a porta, o grupo de rapazes acompanhantes era cada vez maior e a cada porta que elas se dirigiam eles iam apregoando em coro: Aí mora o ti Xico Alvanéu, mas ele não está cá! Aí mora a ti Maria Mexias! Aí mora a ti Catrina Beleza! Aí mora a ti Maria Rita! Aí mora a ti Maria Joana! Ali na rua de trás mora o ti Manel Moleiro e a ti Maria, não vão lá? Também, se não forem não se perde nada, ele já não tem dentes para lavar e ela só já tem um, para que querem a bisnaga? Era melhor darem-na à gente que andamos aqui a ensinar-lhe onde as pessoas moram!
As raparigas riam, mas não deram nada à rapaziada e, depois de darem a volta até ao Monte da Figueira, voltaram à carrinha e abalaram na direção de Montes Juntos e os rapazes continuaram nas suas brincadeiras.
Era perto de meio dia chegou ali o Miguel Zéi que vinha de Montes Juntos, muito assarapantado a contar que tinha visto uma quantidade de raparigas em pêlo a banhar no ribeiro do quebra. A rapaziada ficaram desconfiados que era mentira, só podia ser mentira dele, mas depois dele as descrever, batia certo com as raparigas da pasta de dentes, e bastou um dizer que ia lá ver, partiram todos em grande correria até ao ribeiro do quebra, mas quando lá chegaram a deitar os bofes pela boca, não viram vivalma e foi uma grande frustração, as raparigas já tinham abalado.
Os rapazes por ali andaram, ribeiro acima, ribeiro abaixo, cheirando e observando onde teriam estado e se por acaso ali se teriam esquecido de alguma peça de roupa ou alguma bisnaga, mas não viram nada, alguns comentavam que se tivessem adivinhado, tinham ido à frente delas e subiam para um chaparro que estava ali mesmo ao pé de onde tinham visto tudo bem visto, e revoltados lamentavam-se que, nunca acontecia nada naquela Aldeia, e uma vez que acontecia, tinha sido desperdiçado.
Como as barrigas já estavam a dar horas, meteram-se a caminho da Aldeia e quando chegaram ao alto, à eira dos pateiros, ainda muito cansados, começaram a ouvir as mães de alguns a chamá-los para o jantar (almoço) e, tiveram de voltar à correria para não correrem o risco de passar por baixo da mesa, era só já o que lhe faltava, e com tanto correr ganharam outro grande cansaço e estavam cheios de fome.
As raparigas da pasta de dentes, foram tema de conversa durante muitos meses, porque os rapazes nunca tinham corrido tanto nas suas curtas vidas, quase tinham rebentado, por causa duma pasta de dentes.

Capelins, Novembro de 2024

Texto: Correia Manuel

Ribeiro do quebra - Capelins



quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Cronologia dos Reis de Portugal

 Cronologia dos Reis de Portugal




Primeira Dinastia – Afonsina

1143 – 1185
D. Afonso Henriques “O Conquistador” (25 Julho 1111 Guimarães – 6 Dezembro 1185 Coimbra)
Casou com D. Mafalda de Sabóia

1185 – 1211
D. Sancho I “O Povoador” (11 Novembro 1154 Coimbra – 27 Março 1211 Coimbra)
Casou com D. Dulce de Aragão

1211 – 1223
D. Afonso II “O Gordo” (23 Abril 1185 Coimbra – 21 Março 1223 Alcobaça)
Casou com D. Urraca

1223 – 1248
D. Sancho II “O Capelo” (8 Setembro 1202 Coimbra -4  Janeiro 1248 Toledo)
Casou com D. Mécia Lopes de Hero

1248 – 1279
D. Afonso III “O Bolonhês” (5 Maio 1210 Coimbra – 16 Fevereiro 1279 Alcobaça)
Casou com D. Matilde de Bolonha e com D. Beatriz de Castela

1279 – 1325
D. Dinis I “O Lavrador” (9 Outubro 1261 Lisboa – 7 Janeiro 1325 Odivelas)
Casou com D. Isabel de Aragão

1325 – 1357
D. Afonso IV “O Bravo” (8 Fevereiro 1291 Coimbra – 28 Maio 1357 Lisboa)
Casou com D. Beatriz de Molina e Castela

1357 – 1367
D. Pedro I “O Justiceiro” (18 Abril 1320 Coimbra – 18 Janeiro 1367 Alcobaça)
Casou com D. Constança Manuel e com D. Inês de Castro

1367 – 1383
D. Fernando I “O Formoso” (31 Outubro 1345 – 22 Outubro 1383 Santarém)
Casou com D. Leonor de Telles

1383 – 1385
Interregno

Segunda Dinastia – Aviz

1385 – 1433
D. João I “O de Boa Memória” (11 Abril 1357 Lisboa – 14 Agosto 1433 Batalha)
Casou com D. Filipa de Lancastre

1433 – 1438
D. Duarte I “O Eloquente” (31 Outubro 1391 Viseu – 9 Setembro 1438 Batalha)
Casou com D. Leonor de Aragão

1438 – 1481
D. Afonso V “O Africano” (15 Janeiro 1432 Sintra – 28 Agosto 1481 Batalha)
Casou com D. Isabel de Lancastre

1481 – 1495
D. João II “O Príncipe Perfeito” (3 Maio 1455 Lisboa – 25 Outubro 1495 Batalha)
Casou com D. Leonor de Viseu

1495 – 1521
D. Manuel I “O Venturoso” (31 Maio 1469 Alcochete – 13 Dezembro 1521 Belém)
Casou com D. Isabel de Castela, D. Maria de Castela e com D. Leonor

1521 – 1557
D. João III “O Piedoso” (6 Junho 1502 Lisboa – 11 Junho 1557 Belém)
Casou com D. Catarina de Áustria

1557 – 1578
D. Sebastião I “O Desejado” (20 Janeiro 1554 Lisboa – 4 Agosto 1578 África)
Não Casou

1578 – 1580
D. Henrique I “O Casto” (31 Janeiro 1512 Almeirim – 31 Janeiro 1580)
Não Casou

1580 – 1580
D. António I “O Determinado” (1531 Lisboa – 26 Agosto 1595 Paris)
Não Casou

Terceira Dinastia – Filipina

1581 – 1598
D. Filipe I “O Prudente” (21 Março 1527 Valhadolid – 13 Setembro 1598 Escorial)
Casou com D. Maria de Portugal; D. Maria Tudor, D. Isabel de Valois e com D. Ana de Áustria

1598 – 1621
D. Filipe II “O Pio” (14 Abril 1578 Madrid – 31 Março 1621 Escorial)
Casou com D. Margarida de Áustria

1621 – 1640
D. Filipe III “O Grande” (8 Abril 1605 Madrid – 17 Setembro 1665 Escorial)
Casou com D. Isabel de França

Quarta Dinastia – Bragança

1640 – 1656
D. João IV “O Restaurador” (19 Março 1604 V. Viçosa – 6 Novembro 1656 Lisboa)
Casou com Dona Luísa Francisca de Gusmão

1656 – 1683
D. Afonso VI “O Vitorioso” (21 Agosto 1643 Lisboa – 12 Setembro 1683 Lisboa)
Casou com Dona Maria Francisca Luísa Isabel d´Aumale e Sabóia, ou de Sabóia-Nemours

1683 – 1706
D. Pedro II “O Pacífico” (26 Abril 1648 Lisboa – 9 Dezembro 1706 Lisboa)
Casou com D. Maria Francisca de Sabóia e com D. Maria Sofia de Neuburgo

1706 – 1750
D. João V “O Magnânimo” (22 Outubro 1689 Lisboa – 31 Julho 1750 Lisboa)
Casou com Dona Maria Anna Josefa, arquiduquesa de Áustria

1750 – 1777
D. José I “O Reformador” (6 Junho 1714 Lisboa – 24 Fevereiro 1777 Lisboa)
Casou com D. Mariana Vitória de Bourbon

1777 – 1816
D. Maria I “A Piedosa” (17 Dezembro 1734 Lisboa – 20 Março 1816 Rio de Janeiro)
Casou com D. Pedro III

1816 – 1826
D. João VI “O Clemente” (13 Maio 1767 Queluz – 10 Março 1826 Lisboa)
Casou com Dona Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon

1826 – 1826
D. Pedro I, Imperador do Brasil  (12 Outubro 1798 Queluz – 24 Setembro 1834 Lisboa)
Casou com Dona Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo (1º)
Casou com Dona Amélia Augusta Eugénia Napoleona de Leuchtenberg (2º)

1828 – 1834
D. Miguel I “O Tradicionalista” (26 Outubro 1802 Lisboa – 14 Novembro 1866 Áustria)
Casou com Dona Adelaide Sofia Amélia Luísa Joana Leopolodina de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg

1826 – 1853
D. Maria II “A Educadora” (4 Abril 1819 Rio de Janeiro – 15 Novembro 1853 Lisboa)
Casou com D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha

1853 – 1861
D. Pedro V “O Esperançoso” (16 Setembro 1837 Lisboa – 11 Novembro 1861 Lisboa)
Casou com Dona Estefânia Josefa Frederica Guilhermina Antónia de Hohenzollern

1861 – 1889
D. Luís I “O Popular” (31 Outubro 1838 Lisboa – 19 Outubro 1889 Lisboa)
Casou com D. Maria Pia de Sabóia

1889 – 1908
D. Carlos I “O Martirizado” (28 Setembro 1863 Lisboa – 1 Fevereiro 1908 Lisboa)
Casou com Dona Maria Amélia Luísa Helena de Orleães

1908 – 1910
D. Manuel II “O Rei Saudade” (15 Novembro 1889 Lisboa – 2 Julho 1932)
Casou com Dona Augusta Vitória Guilhermina Antónia Matilde Luísa Josefina Maria Isabel de Hohenzollern-Sigmaringen 




terça-feira, 29 de outubro de 2024

A lenda da donzela moura, encantada no castelo da Vila de Ferreira

A lenda da donzela moura, encantada no castelo da Vila de Ferreira

Entre 1262 e 1836, quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins, denominava-se Vila de Ferreira. 

Na Vila de Ferreira existia um castelo, situado no outeiro do Pombo, na herdade da Defesa de Bobadela, na margem direita do rio Guadiana.

Este castelo, foi construído pelos mouros cerca do ano 1000, na linha do rio Guadiana, tal como os castelos de,  Elvas, Juromenha, Mocissos, Monsaraz e outros.

No castelo da Vila de Ferreira, atual Capelins, residia o governador desta região, chamado Almurat, dono destas terras de pão e de gado, com a sua família, sendo um homem muito rico. 

O castelo não tinha grandes dimensões exteriores, mas era diferente de todos os outros, visto ter sido construído sobre uma gruta natural, ainda existente, a qual, foi dividida em vários compartimentos com andares, descendo até ao fundo do rio Guadiana e, esses compartimentos serviam para vários fins, desde a prisão, a habitações do governador e dos seus criados.

Quando em 1230 os cavaleiros vilãos da cidade de Évora, reconquistaram estas terras, o governador, foi informado pelos seus guardas que tinha de fugir com a família para o Califado de Córdoba, porque, não havia sinais da vinda do auxílio pedido ao dito califado e a guarnição do castelo era muito pequena para enfrentar um exército disciplinado e bem armado.

O governador Almurat negou-se a partir, na esperança de a qualquer momento chegarem de reforços pedidos ao Al Andaluz, mas mandou a família com os criados e criadas que quiseram partir, no entanto, a sua filha mais velha, chamada Almirita, uma donzela muito linda, com grande afeição a seu pai, negou-se a partir e ficou na sua companhia. 

Os cavaleiros cristãos já tinham conquistado a Vila de Terena (chamada Odialuiciuez) e, preparavam-se para o assalto ao castelo do governador Almurat, mas ele continuava a resistir em abandonar o seu castelo e, só quando os cavaleiros cristãos chegaram ao Ribeiro do Carrão, o qual, devido às chuvas dos últimos dias levava grande cheia, atrasou-lhe a marcha, obrigando-os a subir até às imediações da Zorra, onde conseguiram passá-lo, mas demoraram mais algumas horas, foi quando o governador se decidiu a partir, mas o rio Guadiana ia de mar a mar, tornando-se muito perigosa a sua travessia, quando ele se apercebeu voltou atrás com a filha e disse-lhe que ela não podia entrar na barca, seria encantada ali no seu castelo e, logo que as tropas do Al Andaluz libertassem a região, a familia voltava, ela seria desencantada e ficariam todos juntos e felizes como antes e, apressadamente tratou do tesouro, disse umas palavras mágicas e a linda donzela Almirita ficou transformada numa rocha. 

 O governador Almurat correu para a barca que o esperava já superlotada e, meteram-se à água,  mas a corrente era tão forte que, nem chegaram ao meio do rio Guadiana, a barca ficou desgovernada, foi arrastada pela corrente e na direção da Cinza, já estava virada e ali mesmo se afundou, não havendo sobreviventes. 

Os mouros nunca mais voltaram a estas terras e, a donzela Almirita ficou encantada no seu castelo, porque, o seu desencantamento é muito difícil, conforme contavam algumas criadas do castelo que ficaram, porque esta erq a sua terra, e de escravas não passavam, tinham ouvido ao governador Almurat que a donzela Almirita só podia ser desencantada na primeira noite da Hijra, com nevoeiro, que corresponde a 16 de Julho, eram uma exigência muito difícil de cumprir, nunva há nevoeiro neste lugar em pleno verão, mas havia a alternativa de darem doze pancadas na rocha certa, a que corresponde à donzela encantada e dizer as palavras chave que ninguém sabe, mesmo assim, houve muitas tentativas, quando os rapazes que por ali andavam ou passavam, ouviam a Almirita a cantar lindas melodias, eles corriam ao castelo e tentavam tudo o que se possa imaginar, mas sem êxito e, assim a linda donzela Almirita, continua cativa, encantada numa rocha no castelo da antiga Vila de Ferreira, com o tesouro associado ao seu desencantamento e, quem bem escutar, ainda hoje consegue ouvir as suas lindas cantigas na primeira noite da Hijra.

Texto: Correia Manuel 




sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Breve história da Aldeia de Cabeça de Carneiro - Santiago Maior

Breve história da Aldeia de Cabeça de Carneiro - Santiago Maior

As nossas pesquisas sobre a origem e toponímia da Aldeia de Cabeça de Carneiro levaram-nos a D. António Carneiro, cavaleiro da casa del-Rei, foi de escrivão da Câmara de D. João II, D. Manuel I e D. João III, e secretário destes dois últimos, tomou o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo em Tomar, por D. Manuel I, no dia 15 de Junho de 1533, nasceu em 1459 e faleceu no dia 03 de Abril de 1545, sendo longa a sua história de vida, uma vez que viveu 86 anos.
Como este cavaleiro prestou bons serviços ao Reino e era muito afeiçoado aos reis, foi donatário da ilha de S. Tomé e Principe, porém, este e outros privilégios terminaram com a sua morte. Deixou viúva Dona Beatriz da Alcáçova, com a qual teve 16 filhos e filhas e, por coincidência, uma das filhas casou com um dos Condes de Vila Nova, comendadores nos Termos (Concelhos) de Terena e do Alandroal, onde tinham muitas herdades.
Após a morte de D. António Carneiro em 1545, a Coroa teve de garantir meios de subsistência à viúva Dona Beatriz da Alcáçova, como acontecia a todas as esposas viúvas dos cavaleiros do Reino, as quais, recebiam bens da Coroa à "Cabeça", geralmente herdades, das quais recebiam os rendimentos de rendas pagas pelos respetivos lavradores, por isso, as herdades doadas chamavam-se à Cabeça, como Cabeça de Carneiro, Cabeça da Sina, Cabeça de Mourão e outras.
Neste caso, verificámos que existia a herdade de Cabeça de Carneiro no Termo do Alandroal (Rosário), tal como a herdade da Xamorreira, e que existiam outras duas herdades com a mesma designação no Termo (Concelho) de Terena, aqui já não conhecemos a herdade de Cabeça de Carneiro, porque, após o falecimento da sua donataria Dona Beatriz da Alcáçova, foi dividida em courelas que foram aforadas (arrendadas definitivamente, com todos os direitos de superficie) aos lavradores e seareiros, desaparecendo a dita herdade, mas deixando a toponímia de Cabeça de Carneiro, como se designava aquele lugar, ou seja, o nome do privilégio concedido pela Coroa à Cabeça de António Carneiro, que era a sua viúva, até ao seu falecimento, talvez nos decénios de 1550-1560, não está indicado na sua árvore genealógica.
Os primeiros Montes que foram construídos, referidos em alguns documentos, foram as Queijeiras, pelo que, essa será a parte mais antiga da Aldeia, mas como eram muitas courelas, foram construindo novos Montes e, a partir da centúria de 1600 a Aldeia foi crescendo, aumentando os povoadores e o casario.
Nos seus limites, existia o Baldio do Seixo, desde Fevereiro de 1262, um dos treze Baldios da Câmara de Terena que, era dividido em courelas, as quais eram sorteadas pelos lavradores e seareiros deste Termo, nas quais, fizeram cabanas (chamadas cabanões) onde viviam, periodicamente, e alguns permanentemente com as suas famílas, fixando povoadores, muito necessários nestas terras.
Com base em alguns documentos históricos que consultámos, via on line, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, ANTT, nos Registos Paroquiais de Santiago Maior, São Pedro de Terena e de Santo António de Capelins, é nossa convicção que a fundação e a toponímia da Aldeia de Cabeça de Carneiro, deve-se à doação de uma herdade, pelo Rei D. João III, à viúva de D. António Carneiro, ou seja, à Cabeça de Casal, Dona Beatriz da Alcáçova, em 03 de Abril de 1545 que, depois do seu falecimento, talvez no decénio de 1550, (uma vez que ele faleceu em 3 de Abril de 1545 com 86 anos), foi dividida em courelas, que foram aforadas a seareiros e lavradores, os quais, construiram algumas residências, chamados Montes e, assim nasceu a Aldeia de Cabeça de Carneiro, antes do ano de 1600.
Na verdade, não encontrámos documentos específicos que atestem o que escrevemos, pelo que, não podemos afirmar que foi mesmo assim, mas através dos documentos antes referidos, chegámos a este caminho, por onde seguimos, porque, a pesquisa vai continuar.
Cabeça de Carneiro em 18 de Outubro de 2024
Texto: Correia Manuel
Brasão da Família Carneiro e Brasão de D. António Carneiro

(Brasão de Internet)



terça-feira, 1 de outubro de 2024

A Lenda de Nossa Senhora da Alagoa/Lagoa

 Nossa Senhora da Alagoa/Lagoa

A Lenda de Nossa Senhora da Alagoa/Lagoa

Uma linda pastorinha apascentava o seu rebanho quando, numa tarde de quente e seco estio, a sede martirizava o gado e a sua guardadora. Naquela situação de extremo sofrimento, a pastorinha implorou a intervenção de Nossa Senhora, de quem era fervorosa devota.
Ouviu a Senhora a sua prece, apareceu e fez com o próprio joelho uma pequena pia numa rocha e com o dedo mindinho traçou um sulco no fundo dessa santa pia e logo ele brotou abundantemente água pura e cristalina.
Saciaram-se a pastora e as ovelhas, e a notícia do milagre corre célere nas redondezas, tendo ocorrido ao local grandes multidões, que logo decidiram erigir uma ermida dedicada a Nossa Senhora.
Escolhido o sítio apropriado deu-se o início às fundações, mas o proprietário do terreno, que também era o dono do rebanho, impediu a construção, alegando que precisava da terra para aí fazer uma horta.
Nossa Senhora, lá do Céu, ofendida com tal heresia, fez com que o terreno fosse alagado para sempre, jamais podendo ser utilizado para cultivo.
A ermida foi construída noutro local, onde ainda hoje permanece, com a invocação de Nossa Senhora da Alagoa.
A nascente da rocha a que chamam “gorgolicha”, e a pequena lagoa da lenda, lá estão ainda hoje, de forma bem real, sendo local de romagem de muitos crentes, e até roteiro turístico de curiosos forasteiros.
Argomil, Pinhel, Guarda
De: Associação dos Amigos de Nossa Senhora de Alagoa 




segunda-feira, 2 de setembro de 2024

O Escamel em Capelins

 O Escamel em Capelins

A definição da profissão ou categoria profissional de "Escamel" que publicamos está muito próxima daquilo que ainda conhecemos pessoalmente.
Está escrito que o Escamel era um rapaz pobre, é verdade mas nessa época os rapazes eram todos pobres, exceto os filhos dos ricos.
A idade de 10 anos deve estar correta, porque havia serviços a fazer pelo "Escamel" que exigiam algum poder físico.
Está escrito que durou até à Segunda Guerra Mundial 1939/45, no caso de Capelins e região, não está correto, porque no decénio de 1960 ainda existiam vários na Freguesia de Capelins.
Assim, conforme Dicionário Aberto de espanhol
escamel
escamel - criança pobre que, a partir dos 10 anos de idade, prestava pequenos serviços no "monte" do proprietário rural no Alto Alentejo, na região raiana (distrito de Évora, concelho do Alandroal). A criança fazia recados, recolhia os ovos das galinhas, ajudava na cozinha, fazia comida para os cães. Por vezes, o pai da criança recebia uma pequena remuneração como contrapartida do trabalho que ela fazia mas, em geral, a contrapartida era apenas a alimentação da criança que vivia no "monte" à guarda do proprietário. O Escamel existiu até à Segunda Guerra Mundial.
Só não estamos de acordo com a última parte.

DICCIONARIO ABIERTO DE ESPAÑOL
https://pt.significadode.org › Dicionários › Espanhol 

Monte Grande da Casa Dias em Ferreira de Capelins 




O Concelho da Vila de Ferreira, atual Freguesia de Capelins

O Concelho da Vila de Ferreira, atual Freguesia de Capelins   Registo Paroquial de óbito em Santo António 1635 "Aos 17 dias do mês de M...